O vice-presidente Hamilton Mourão, chefe do Conselho Amazônia, disse nesta sexta-feira, 10, que o recorde de desmatamento registrado em junho na região se deve ao início tardio do trabalho de combate às derrubadas.
“Começou tarde. O começo em maio [dos trabalhos de combate ao desmatamento] vai nos dar uma melhor situação em relação a queimadas, mas não a desmatamento”, disse Mourão no fim da manhã, após uma reunião remota com integrantes da Associação PanAmazônia, rede que une instituições e empresas da Amazônia continental -nove estados da Amazônia brasileira, mais Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, e Venezuela.
À tarde, Mourão fará videoconferência com representantes de um grupo de empresários que enviou ao vice-presidente no início desta semana uma carta pedindo o combate “inflexível e abrangente” ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros.
“Um dos primeiros itens é o combate ao desmatamento, viemos efetuando desde maio. Já coloquei várias vezes que as ações contra o desmatamento tinham que ter começado em dezembro do ano passado, que é quando ele [o desmatamento] começa efetivamente. Tenho colocado que vamos prosseguir neste tipo de trabalho até o final de 2022 ou até que a turma que desmata se dê conta que não dê mais para fazer isso”, afirmou o vice-presidente.
O desmatamento na Amazônia teve mais um mês de alta em relação ao ano anterior, o 14º seguido, e é o maior desde 2016, segundo dados do Deter, programa do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O sistema mede a derrubada de floresta praticamente em tempo real e é usado para auxiliar ações do Ibama de combate a crimes ambientais.
O crescimento ocorre mesmo com a propagandeada ação Verde Brasil 2, que colocou o Exército na floresta para ajudar no combate ao desmatamento, e com a pressão de investidores internacionais por ações do governo para combate ao desmate.
A destruição da floresta cresceu cerca de 10% em relação ao mesmo mês de 2019 e atingiu o maior valor de km² destruídos da série histórica recente, que começou em 2015. Junho registrou mais de 1.000 km² destruídos.
Mourão disse que há poucos recursos para a fiscalização. “O Ibama hoje tem 300 fiscais. Como é que você vai operar com 300, e os 300 não estão na Amazônia. Vamos lembrar que tem o cara que está em Abrolhos, tem o cara que está no Parque Aparados da Serra, lá no Sul, o outro está em Foz do Iguaçu”, disse o vice-presidente.
Mourão afirmou que gostaria de deslocar servidores que hoje fazem serviços administrativos para atuar em campo, mas que hoje isso não é possível.
“A gente precisa contratar gente ou tirar gente que está no serviço administrativo, no ar-condicionado, e botar no meio da selva”, disse o vice-presidente.
No “Diário Oficial da União” desta sexta, foi publicado um decreto que prorroga até 6 de novembro a operação Verde Brasil 2, que emprega Forças Armadas na GLO (Garantida da Lei e da Ordem) na Amazônia Legal, para a realização de ações preventivas e repressivas contra delitos ambientais, direcionada ao desmatamento ilegal, além do combate a focos de incêndio.
Informação FolhaPress
Foto: Romério Cunha