Se o ritmo de vacinação não aumentar na África até 2022, o continente só poderá atingir 70% de sua população vacinada até agosto de 2024, alertou nesta terça-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Em um mundo onde a África tinha as doses e o suporte para vacinar 70% de sua população até o final de 2021, um nível que muitos países ricos alcançaram, provavelmente veríamos dezenas de milhares de mortes a menos por Covid-19 a cada ano”, disse Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para a África.
Até agora, 20 dos 54 Estados soberanos do continente vacinaram pelo menos 10% de sua população, enquanto apenas seis – Cabo Verde, Maurício, Botsuana, Marrocos, Seychelles e Tunísia – alcançaram 40% de cobertura e dois deles — Maurício e Seychelles — 70%.
“À medida que os suprimentos começam a aumentar, devemos intensificar nosso foco em outras barreiras à vacinação, incluindo a falta de fundos, equipamentos, profissionais de saúde e capacidade da cadeia de frio, bem como abordar a relutância em vacinar”, afirmou.
O continente recebeu, até o momento, 350 milhões de doses através do mecanismo Covax — promovido pela OMS e outras organizações para garantir o acesso global e equitativo à vacina —, das quais cerca de 80% chegaram nos últimos quatro meses, de acordo com a agência da ONU.
Apesar deste aumento na entrega das doses, a falta de “previsibilidade” era um problema para alguns países, uma vez que as autoridades descobriram muitas vezes o número total de doses a ser recebido e do prazo de validade poucos dias antes da chegada das doses.
Para evitar desperdícios, o Covax já modificou seu funcionamento: enquanto inicialmente tentava fornecer a cada país as doses necessárias para vacinar 20% de sua população, agora oferece aos Estados a possibilidade não só de especificar qual vacina preferem, mas também quantas doses têm a capacidade de usar, de acordo com a OMS.
Por outro lado, o continente começa a perder destaque no que diz respeito à presença da variante ômicron, caracterizada por um elevado número de mutações e identificada por cientistas sul-africanos no dia 25 de novembro.
De acordo com a OMS, dos mais de 2,7 mil casos da nova variante detectados globalmente em 59 países, cerca de 33% foram identificados em 11 nações africanas, uma porcentagem que está diminuindo “de forma constante”. No entanto, mais de 70 países mantêm restrições de viagens destinadas, sobretudo, aos países africanos.
Informação UOL
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