Pajelança espacial
Parece um enredo de filme: recolher as plantas que os pajés amazônicos mais usam em suas curas e rituais e aplicar os princípios ativos em minicérebros enviados ao espaço. Até é possível quer alguém ainda venha a se inspirar na realidade para criar um enredo repleto de sustos e reviravoltas, principalmente porque uma das plantas é o cipó mariri/jagube (Banisteriopsis caapi), o principal ingrediente do chá ayahuasca, mas por enquanto vale a realidade, por incrível que pareça.
Primeiro cientista brasileiro escalado para ir ao espaço, Alysson Muotri, pesquisador com células-tronco, vai estudar na Estação Espacial Internacional (ISS), a partir do ano que vem, o potencial terapêutico de plantas amazônicas. Vai isolar moléculas das substâncias de plantas com potencial terapêutico e as testar em minicérebros. Nada a ver com os velhos ritos da tribo amazônica Shuar, que encolhiam as cabeças dos inimigos: os minicérebros são criados para testar o impacto de substâncias no ser humano, poupando o cérebro real de experiências que podem não dar certo.
Não há nada de novo em criar pedaços semelhantes a órgãos humanos para testes. As primeiras técnicas para criar organoides datam dos anos 1950. Com o avanço da ciência, desde 2008 os cientistas já usam organoides mais complexos, inclusive o cérebro. O novo, neste caso, está em levar os minicérebros ao espaço e testá-los com as plantas prediletas dos nossos pajés.
Que fria I
O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, definiu candidatura própria do partido em Porto Velho e o nome escolhido foi o do deputado federal coronel Chisóstomo. Que fria! Nem o mito vai conseguir levantar esta candidatura por aqui, mais pesada do que um cargueiro da FAB. E se ganhar de Mariana (União Brasil) e Leo Moraes (Podemos), que estão polarizando nesta largada, prometo comer a coluna impressa do Diário com farofa, sem direito a fazer cara feia. De tão indigesta é esta candidatura que até o senador Jaime Bagatolli do seu próprio partido, está frequentando eventos de outros lançamentos, como foi o caso de Valdir Vargas Junior, do PP. Que fria, Bolsonaro!
Que fria II
Bolsonaro deve se preocupar com um vexame com o candidato do seu partido em Porto Velho, o mesmo deve acontecer com a candidata de Lula, que é a ex-senadora Fatima Cleide, morando em Brasília onde ocupa cargo no gabinete do atual presidente. O PT em Porto Velho se transformou num partido nanico, nem vereador tem mais na Câmara de Vereadores. Tampouco deputado estadual na Assembleia Legislativa e deputado federal no Congresso Nacional. É um partido rejeitado por aqui, depois de um auge quando teve deputados federais, uma senadora, quatro deputados estaduais e muitos vereadores. Que fria, Lula!
Não esquentou
Ao contrário de capitais onde já está acontecendo até debates entre os candidatos as prefeituras, em Porto Velho a campanha não esquentou, talvez pela falta de definições no cenário local. Existe quase uma dúzia de pretendentes, mas ninguém se mexe, aguardando o lançamento das campanhas de ponteira, leia-se de Mariana e Leo Moraes. O primeiro desafio desta massa de pretendentes é quebrar a polarização inicial entre os dois nomes mais citados nas sondagens e isto não é uma tarefa fácil. Como Porto Velho é dada a provocar zebras, eu até arrisco dizer que um destes dois favoritos – Mariana ou Leo Moraes_- pode não alçar ao previsível segundo turno. Todo cuidado é pouco na reta final.
Previsões 2024
A mídia cassolista projeta a eleição de dúzias de prefeitos e dezenas de vereadores em Rondônia pelo PP nas eleições municipais deste ano com vistas ao pleito de 2026 quando ele pretende voltar ao Centro Político e Administrativo que ele construir na década passada. Se de um lado tem sido um pé frio na eleição de prefeitos ao longo de sua trajetória, Cassol nunca precisou de alianças para se eleger governador. Ao contrário, já ganhou eleição ao governo sozinho, contra tudo e contra todos unidos para lhe derrubar. Por conseguinte, eleger tantos prefeitos nem lhe será preciso.
Novo ciclo
Depois de vivenciar importantes ciclos na sua economia, desde o garimpo das pedras preciosas, da cassiterita, do ouro, depois por último, o ciclo das usinas, o município de Porto Velho chega ao ciclo do agronegócio, um segmento consistente de economia, com a liderança do município na produção de soja, leite, pecuária de corte e milho. Com isto não se pode mais dizer que Porto Velho depende da indústria do contracheque, pois com tanta exportação a arrecadação a capital e o governo do estado tem mantido a regularidade no pagamento dos servidores e fornecedores. A única coisa que incomoda é a migração. Muita gente deixando Porto Velho. Milhares de imóveis a venda.
Via Direta
*** Nas principais capitais, as disputas mais empolgantes, com reflexos nas eleições gerais de 2026 acontecem em São Paulo e no Rio de Janeiro ***Em São Paulo, a briga entre o lulopetismo e bolsonaristas começa a ferver desde já com Boulos x Nunes *** Em Rio Branco, os bolsonaristas que defendem o atual prefeito Tião Bocalon, tem um adversário à altura, o ex-petista Marcus Alexandre, que disputa a prefeitura pelo MDB *** O MDB de Porto Velho espera quebrar a polarização inicial entre os candidatos Mariana Carvalho (União Brasil) e Leo Moraes (Podemos) com um grande lançamento da sua pré-candidata Euma Tourinho, com grande potencial de crescimento.
Coluna Carlos Sperança
Conteúdo Gente de Opinião