O 58º Festival de Parintins chegou ao fim neste domingo (29/06) com uma noite memorável de celebração, emoção e disputa intensa entre os bois Caprichoso e Garantido. No maior espetáculo a céu aberto do mundo, o Bumbódromo foi palco de um encerramento grandioso, com temáticas potentes que exaltaram a força dos povos originários e a diversidade cultural do Brasil.
A terceira noite começou com o Boi Caprichoso, que emocionou o público com o tema “Kaá-eté – Retomada pela Vida”, um tributo à resistência dos povos da floresta e suas tradições espirituais. Em sua estreia como tripa oficial, Edson Azevedo Júnior pisou na arena carregando um legado familiar. “Foi espetacular. É uma emoção muito grande representar essa história”, disse o artista, visivelmente comovido.
A apresentação azul e branca foi marcada por momentos de intensa conexão com a ancestralidade amazônica. A lenda de Waurãga, senhora e guardiã da floresta, abriu o espetáculo, seguida da figura típica do Seringueiro da Amazônia, homenageando a luta de Chico Mendes e trazendo à arena sua filha, Ângela Mendes. O encerramento veio com o Ritual de Cura Yawanaw*, com alegoria assinada por Algles Ferreira, em uma ode à espiritualidade do povo Yawanawá, do Acre.
No meio da galera azulada, o universitário Matheus Lucas, de 26 anos, descreveu a noite como mágica: “É como se fosse a primeira vez. O Caprichoso faz um espetáculo. O treta vem aí!”, brincou.
Encerrando a programação, o Boi Garantido levou à arena o tema “Boi do Povo, Boi do Povão”, numa celebração vibrante da brasilidade e do folclore nacional. Com o subtema “Garantido, Boi do Brasil”, o espetáculo exaltou bois de diversas regiões do país e homenageou o compositor Chico da Silva, com destaque para a eterna toada “Vermelho”.
O bumbá vermelho e branco também viveu momentos marcantes com a despedida do tripa Denildo Piçanã e com a grandiosa lenda de “A Deusa das Águas”, assinada por Glemberg Castro, que impressionou com tecnologia cênica e transições coreográficas. A Rainha do Folclore, Lívia Christina, evoluiu em cena se transformando em yara, enquanto a cunhã-poranga Isabelle Nogueira emocionou ao se transmutar em arara, liderando uma homenagem às artesãs indígenas.
Outro ponto alto foi o Ritual Bahsesé, encenado com esculturas monumentais e presença do pajé Adriano Paketá, trazendo o poder do sagrado para an arena.
Na batucada, o mestre Francinaldo Pinheiro celebrou os meses de preparação: “Estamos muito confiantes. Foram quatro meses intensos de trabalho para esse momento decisivo”.
Com a arena em êxtase, a torcedora Carla Viegas, de 58 anos, resumiu a emoção da torcida encarnada: “O coração está a mil. Estamos com sangue nos olhos, mais uma vez”.
Agora, todas as atenções se voltam para a apuração do festival, marcada para esta segunda-feira (30/06), às 14h, quando será conhecido o campeão de 2025.