Em meio aos preparativos para a COP 30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), o engenheiro e empresário Samuel Hanan chama atenção para uma cobrança que vai além da largada oficial das negociações climáticas: segundo ele, a região da Amazônia assume um protagonismo inegável e uma carga desproporcional de responsabilidades e custos. Em artigo recente no site Blog do Marcell Mota, Hanan afirma que “não cabe mais à iniciativa privada ou ao Brasil, sozinho, arcar com a conta”, defendendo que a preservação da Amazônia exige reconhecimento financeiro, político e social em escala global.
A cobrança global e o heroísmo local
Hanan ressalta que, enquanto o mundo sublinha a importância de conservar a floresta tropical e o seu papel vital no equilíbrio climático planetário, raramente se reconhece o peso social e econômico que essa preservação impõe às pessoas que habitam a região: ribeirinhos, comunidades tradicionais, povos indígenas e moradores de áreas urbanas amazônicas. Ele pergunta: “por que ninguém fala em resgatar as mais de 18 milhões de pessoas que vivem nos estados da Amazônia e que até hoje conservaram a floresta?” A declaração evidencia seu entendimento de que a Amazônia não pode ser tratada apenas como recurso ou reserva — ela é, acima de tudo, território de gente, cultura e história.
“Custo mundial”: do serviço ecológico à renúncia econômica
Em seu argumento, Hanan destaca que a preservação da floresta tropical se traduz também em renúncia econômica. Ele cita estimativas de que a não exploração da cobertura vegetal geraria valores bilionários em todo o mundo — valores que deveriam, ao menos em parte, ser revertidos à região amazônica. O autor coloca que o Brasil, com cerca de 60% da Amazônia, é quem mais aporta para esse equilíbrio ecológico, e que o Estado do Amazonas, em particular, deve receber “compensações” reais pela função que exerce para o mundo.
A COP30 como palco estratégico
Para Hanan, a COP30 aparece como “a chance” para que essas demandas ganhem força diplomática. Ele pondera que o evento não pode se limitar às mesas de negociações técnicas ou à agenda tradicional de mitigação de gases de efeito estufa. Pelo contrário — ele argumenta que a conferência deve servir para consolidar mecanismos de redistribuição de responsabilidades, de verificação de custos e benefícios e de justiça socioambiental, sobretudo para regiões como a Amazônia. Nesse sentido, ele afirma que a “responsabilidade mundial” de preservar se converte também em “custo mundial” para quem de fato está na linha de frente.
O que está em jogo
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A necessidade de que os países desenvolvidos, as grandes economias e as corporações globais assumam parte do financiamento da preservação da Amazônia, reconhecendo que ela representa um ativo ecológico de valor global.
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Que as políticas ambientais contemplem não apenas a emissão de carbono, mas também o bem-estar das comunidades amazônicas — o que inclui infraestrutura, educação, participação política e econômica local.
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Que a COP30 defina instrumentos concretos para que a “função socioambiental” da floresta seja compensada, transformando-se em valor monetário, social e político para a Amazônia.
Conclusão
Para Samuel Hanan, não basta que a Amazônia seja o cenário ou peça de tabuleiro da política climática global. Ela precisa ser protagonista, com voz, direitos e benefícios, na agenda que vai emergir da COP30. E, mais ainda, é preciso que o resto do mundo reconheça que manter a floresta de pé exige não só boa vontade, mas compromisso real, investimento e justiça.
Referência: Blog do Marcell Mota




