Dados divulgados nesta quinta-feira (8) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam um crescimento preocupante nos alertas de desmatamento na Amazônia. O levantamento, feito pelo sistema Deter, indica um aumento de 55% nos alertas de supressão florestal em abril, em comparação com o mesmo mês de 2024. A alta já mobiliza o governo federal, que convocou uma força-tarefa para conter uma possível reversão na tendência de queda observada nos últimos anos.
Embora o acumulado entre agosto de 2024 e abril de 2025 aponte uma redução de 5% no desmatamento, o repique em abril preocupa as autoridades. “Estamos identificando uma possível reversão na curva de queda do desmatamento”, alertou João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Ele acrescentou que, em até duas semanas, os órgãos envolvidos deverão reorganizar estratégias de combate e identificar os principais focos de desmatamento.
As áreas mais afetadas neste início de ano estão concentradas nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Pará. Capobianco enfatizou que a meta do governo é encerrar o atual ciclo de monitoramento — que vai até 31 de julho — com queda no desmatamento em relação ao ano anterior.
A ministra Marina Silva também comentou os dados e reforçou o compromisso do governo com a preservação ambiental. “Nosso compromisso é termos uma queda consistente e duradoura do desmatamento”, afirmou. Ela destacou o envolvimento de 19 ministérios na resposta articulada ao aumento recente dos alertas.
O secretário extraordinário de Controle do Desmatamento, André Lima, ponderou que o pico pode ser pontual, mas alertou que o governo prefere agir preventivamente: “Pode ser apenas um pico que se reverte no mês seguinte, mas pode não ser. Não vamos esperar a taxa anual para reagir.”
Além da Amazônia, o Cerrado também apresentou crescimento de 26% nos alertas de desmatamento em abril. No entanto, no acumulado desde agosto de 2024, a tendência é de queda, com uma redução de 25%. Já o Pantanal teve um cenário mais positivo, com queda de 77% nos alertas e nenhum foco de incêndio registrado no mês passado.
Na mesma ocasião, Marina Silva anunciou a aprovação dos planos de prevenção e controle dos desmatamentos da Mata Atlântica e do Pampa, completando o conjunto de planos voltados a todos os biomas brasileiros.
Os dados do Deter — sistema de alerta rápido do Inpe — são considerados essenciais para orientar a fiscalização de campo feita por órgãos como o Ibama. Apesar de não fornecerem a medida exata das áreas desmatadas, essas informações permitem identificar tendências e acelerar ações de combate. A medição oficial da perda de cobertura vegetal é feita anualmente pelo sistema Prodes, que considera o período de seca entre agosto e julho.
Com Informação Agência Brasil