Na última terça-feira, dia 26, o líder Yanomami Davi Kopenawa se reuniu com a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, para discutir o atraso no julgamento do governador de Roraima, Antonio Denarium. O processo, paralisado desde 20 de agosto deste ano, envolve a aprovação de uma lei que favorece atividades de garimpo em terras indígenas no estado.
Durante o encontro, Davi destacou o sofrimento enfrentado pelas comunidades Yanomami devido à invasão de garimpeiros ilegais em suas terras. Ele denunciou que Denarium tem apoiado o garimpo, negligenciando o uso da polícia militar para combater esses crimes e deixando de identificar pistas clandestinas de voo usadas para transportar drogas, armas, mantimentos e ouro.
“O garimpo destrói nossa terra, leva morte e sofrimento para os Yanomami. Precisamos de justiça. Não podemos esperar mais”, afirmou Kopenawa, ressaltando a urgência do julgamento.
Davi também criticou a permanência no cargo do comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Miramilton Goiano de Souza, que, segundo investigações da Polícia Federal, é apontado como líder de um grupo criminoso envolvido na venda ilegal de armas e munições para garimpeiros.
A ministra Cármen Lúcia se comprometeu a dar prioridade ao caso e garantiu que trabalhará para retomar o julgamento de Antonio Denarium em breve. A promessa de celeridade trouxe esperança às comunidades indígenas, que pressionam por medidas mais rigorosas contra a exploração ilegal em terras protegidas.
O julgamento de Denarium é considerado um marco na luta pela preservação das terras indígenas e pela responsabilização de líderes públicos que apoiam atividades ilegais. A expectativa agora recai sobre o STF e o TSE, que deverão decidir sobre o futuro político do governador e as consequências de suas políticas para os povos indígenas de Roraima.