Após denunciar caos vivenciado no Hospital Regional Jofre Matos Cohen, o médico cardiologista Oziel de Sousa, afirma ter sido expulso da unidade, onde trabalhava no combate a pandemia do coronavírus, pelo prefeito de Parintins Frank Bi Garcia (DEM).
“Eu não posso entrar no Jofre, eles me expulsaram, eu ouvi da boca do Bi, que eu sou maluco destemperado e que não quer me ver mais lá”, declarou o médico em um áudio compartilhado nas redes sociais nessa última sexta-feira, 12.
De acordo com Oziel, após constatar motivo das mortes em massa, ele sugeriu medidas alternativas para serem implementadas na intenção de salvar vidas na unidade, que não foram aceitas pelo atual diretor-geral do hospital, Josimar Marinho, somente pelo secretário de saúde do município, Clerton Florêncio, causando desentendimento entre os gestores.
Nos relatos compartilhados nas redes sociais, Oziel de Sousa disse que estava ajudando na organização do Jofre Cohen devido ao colapso, e constatou que os pacientes estavam sofrendo de anóxia, condição que pode causar delírio, perda de memória e confusão mental.
Ao começar o desmame da oxigenoterapia, o processo de transição da ventilação mecânica para a respiração espontânea, o médico afirma ter tido sua ação deslegitimada na unidade hospitalar, por pessoas que não entendem da parte técnica ou do procedimento que estava sendo adotado para que não houvesse mais óbitos.
O médico descreveu que muitos pacientes morreram por motivo torpe, que contraria ou fere os bons costumes, decência e a moral. “Estou finalizando o relatório das coisas que vi no hospital, são coisas de horror, que causam nojo em qualquer ser humano”, relatou Oziel, informando que irá divulgar o documento detalhado para todos.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do prefeito Frank Bi Garcia, secretaria municipal de saúde do município e com Josimar Marinho, para repercutir as declarações do médico, mas até a publicação desta matéria não tivemos retorno.
Coagidos
Em Parintins, profissionais que contrariam as decisões do poder público se sentem coagidos, ainda neste mês o médico anestesista Daniel Tanaka pediu demissão do Jofre Cohen, após relatar a situação caótica e morte por asfixia ocorridas no hospital.
As duas únicas unidades hospitalares do município, não possuem Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e estão colapsadas, com superlotação e falta de oxigênio, sendo necessário a interferência do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), que solicitou remoção de pacientes graves.
De acordo com os dados do boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), divulgados nesta última sexta-feira, 12, Parintins totaliza 8.160 casos confirmados de covid-19 e 232 óbitos pela doença, sendo o segundo município do interior com mais registros de infectados e mortes.
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