A Polícia Federal concluiu nesta terça-feira (17) uma investigação sigilosa que resultou no indiciamento de 35 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) Alexandre Ramagem e o vereador Carlos Bolsonaro. O caso, conhecido como “Abin paralela”, apura a criação de uma rede clandestina de espionagem que monitorava adversários políticos, jornalistas e servidores públicos durante o governo de Bolsonaro (2019-2023).
Segundo a PF, a operação utilizava recursos da ABIN para coletar dados sigilosos sem autorização judicial, incluindo invasão de celulares e computadores. As informações obtidas eram usadas para fins políticos, como ataques a opositores nas redes sociais e favorecimento de aliados. Entre os alvos estavam ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares, jornalistas e servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), como o servidor Hugo Loss, que colaborava com o indigenista Bruno Pereira, assassinado em 2022.
A investigação revelou que a rede de espionagem envolvia mais de 30 pessoas, incluindo membros da família Bolsonaro e aliados políticos. Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, é acusado de atuar como intermediário entre a ABIN e os operadores da rede clandestina. Ele teria recebido informações sigilosas sobre investigações em andamento e repassado a aliados políticos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-diretor da ABIN Alexandre Ramagem ainda não se manifestaram publicamente sobre os indiciamentos. Carlos Bolsonaro, por sua vez, negou as acusações e afirmou que se tratam de uma perseguição política.
O caso tem gerado repercussão nacional e internacional, levantando questões sobre a proteção de dados pessoais e a atuação de agências de inteligência no Brasil. A investigação continua em andamento, e novos desdobramentos são aguardados nos próximos dias.