Os dados mostram que o comportamento do vírus no interior tende a ter um desfecho melhor que na capital, e a resposta para isso pode estar na boa cobertura de atenção básica.
No interior do Amazonas, essa cobertura é próxima de 90% da população. Já na capital, a cobertura é de 51,5%. É na atenção básica que é feito o acompanhamento e controle de diabetes, hipertensão e outras comorbidades que levam pacientes de Covid-19 ao óbito.
“Com boa cobertura de atenção básica, os municípios conseguem controlar melhor, investigar mais e notificar mais os casos e, assim, ter um melhor resultado no acompanhamento da população”, afirma o secretário de Atenção Especializada do Interior, da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Cassio Roberto Espírito Santo.
Leitos vazios
“Isso mostra que a atenção básica vem funcionando nos municípios e vem atuando de maneira que há uma menor hospitalização”, explicou Cássio Espírito Santo.
Estratégia de guerra
As ações são planejadas entre as três esferas – estadual, municipal e federal. “Estamos desenvolvendo uma estratégia de guerra para combater o coronavírus no interior”, disse o secretário, ao ressaltar o apoio das Forças Armadas no envio de insumos por malha aérea e fluvial e reforçar que o modelo de Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite e exige esforços de todas as esferas de governo.
Recursos
O número de respiradores no interior dobrou durante a pandemia, saindo de 65 para 130. Foram enviados 47 respiradores por aquisição da Susam e do Ministério da Saúde, sendo 15 para Tabatinga, oito para São Gabriel da Cachoeira, três para Itacoatiara, três para Manacapuru, dois para Rio Preto da Eva e dois para Tefé. Os municípios de Maués, Boa Vista do Ramos, Iranduba, Santo Antônio do Içá, Autazes, São Paulo de Olivença, Careiro Castanho, Manaquiri, Presidente Figueiredo, Boca do Acre, Itapiranga, Carauari e Silves receberam um cada.
O Governo do Estado acaba de adquirir 27 respiradores, e vai distribuir os equipamentos entre os municípios conforme os dados epidemiológicos e estrutura da unidade. Em abril, foram enviados 44 monitores multiparamétricos e 134 colchões hospitalares ao interior.
“Hoje, por exemplo, em Tabatinga temos 22 leitos com respiradores para Covid-19, em Parintins temos seis, Manacapuru tem cinco, Itacoatiara tem três, e assim a gente vem a ter alguns pulverizados nos municípios”, disse o secretário Cássio Espírito Santo.
O Estado liberou R$ 23,4 milhões do Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas (FTI) para ajudar as prefeituras. Todos os municípios receberam recursos federais exclusivos para o enfrentamento à Covid-19, além dos repasses normais.
Uma parceria com a organização internacional Médicos sem Fronteiras está em andamento para ajudar na missão do interior e, junto com os Distritos de Saúde Indígena (DSEIs), ligados à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, a Susam trabalha para ampliar a atenção aos povos indígenas.
Remoções
Também foi realizado um contrato de transporte sanitário terrestre para realizar as remoções entre portos, aeroportos e municípios do entorno de Manaus.
“Nós temos, tanto na UTI aérea como nas ambulâncias, uma equipe qualificada com médico intensivista, enfermeiro intensivista, equipamentos e insumos para fazer o transporte adequado dos pacientes”, informou o secretário.
Foto: Arthur Castro/Secom.